PERFIL
por Graziele Marronato
O T é de Tisci - Ricardo Tisci, amigo de longa data e estilista da Givenchy –, e não de transexual, como muitos devem supor. Lea T, aliás, nunca polpa elogios a Ricardo em suas entrevistas. "Hoje, ele é minha família", disse numa delas, ao contar que, certo dia, telefonou chorando para ele, desesperada porque não queria se tornar prostituta, mas também não encontrava emprego.
A solução veio das mãos do próprio amigo, que primeiramente a empregou como modelo de prova e, mais tarde, convenceu a diretoria da marca de que Lea devia figurar na campanha da grife em 2010.
História
Lea T, no entanto, não era propriamente novata. Pelo contrário, diz que sempre adorou moda e que, quando era mais jovem, chegou a gastar o valor de um apartamento em roupas de estilistas japonesas, que ama.
Poliglota - ela domina português e italiano, dentre outras -, estudou em Gênova e depois fez o liceu artístico em Florença.
Quando ainda era Leandro Cerezo, chegou a trabalhar como modelo masculino, bem jovem. "Era bonito, com uma grande cabeleira afro, no estilo Michael Jackson no tempo do Jackson Five", contou à revista Marie Claire – mas sofria durantes os castings masculinos. Motivo: achavam-no feminino demais e lhe apontavam a fila das garotas!
Vida e preconceito
Após a campanha publicitária que mudou sua vida, Lea T diz que, fora do mundo fashion, os problemas são os mesmos enfrentados por outras transexuais e por travestis.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, contou que, no metrô de Milão, um homem a ofendeu simplesmente por ser transexual: "Disse que gente como eu tem que morrer". Lea disse que ficou ainda mais indignada pela passividade com que os passageiros observaram a cena.
Já no Brasil, além do preconceito, amargou um pequeno circo da mídia em torno do nome de seu pai, Toninho Cerezo, famoso jogador de futebol dos anos 80. O escândalo dizia respeito ao fato de Cerezo supostamente renegar a filha em virtude de suas escolhas – mas Lea desmentiu a história ao Estadão: "Absurdo. Meu pai não quis falar com a imprensa porque nem ele nem minha família de Belo Horizonte estão preparados para falar disso. Ainda é tudo muito novo". Segundo ela, Toninho foi a pessoa mais doce e que mais compreendeu sua decisão.
Voltando ao glamour, as escolhas de Lea T a levaram a (1) ter camarim exclusivo na última São Paulo Fashion Week e estrelar a coleção de Alexandre Herchcovitch; (2) ser aplaudida por fashionistas empolgados da primeira fila; (3) posar nua para a Vogue francesa, exibindo parte do membro que em breve deve operar; (4) ser perfilada pela Vanity Fair e (5) fotografar para a revista Love com uma das maiores modelos do mundo, Kate Moss, a quem aparece beijando a boca.
Certo ou incerto
Quanto a seu futuro profissional, não restam dúvidas de que deve seguir um caminho ascendente.
Já sobre a orientação sexual, pairam dúvidas, de acordo com entrevistas que concedeu. A primeira paixão de Lea foi uma menina, ao contrário do que diria o senso comum. Depois, foi por um rapaz. O amor foi correspondido, mas ela se afastou porque ainda não sentia que sua sexualidade estava definida.
De certo, por enquanto, só a operação. A modelo se diz realista quanto ao fato de que não viverá a experiência do prazer feminino como uma mulher biológica, mas sente-se segura com a decisão porque entende que a vida é uma escolha entre ser infeliz ou tentar ser feliz - e ela merece a segunda opção, concordam?
Imagens: Reprodução/Stefano Moro
Publicado em 31/03/2011.
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