PERFIL
por João Marinho
Deixou um extenso currículo artístico, com espetáculos que fizeram sucesso no teatro e em casas noturnas lendárias de São Paulo e do Rio. Era atriz, cantora, comunicadora e letrista – com álbum gravado – e tinha mais de 25 anos de carreira quando faleceu em 26 de novembro de 2010 vítima de uma infecção.
Foi capa de revistas e ganhou prêmio das mãos de Gugu Liberato. Contracenou com Tarcísio Meira e esteve sob direção de Carlos Manga e Zé Celso. Foi amiga de Cazuza e Caio Fernando Abreu e até participou de sessão fotográfica com o Legião Urbana.
Nós, porém, não vamos dar os nomes das peças, dos espetáculos, dos filmes – e muito menos detalhar a veia literária e jornalística de Claudia Wonder, que foi colunista da revista G Magazine por seis anos. Para isso, o leitor terá de consultar o livro Olhares de Claudia Wonder: crônicas e outras histórias, lançado em 2008 pela Edições GLS.
Sete passos
Camaleônica, combativa e irreverente, como descreve o release liberado para a imprensa, Wonder era uma das trans mais famosas do Brasil e construiu uma carreira que rendeu um documentário, Meu amigo Claudia, de Dácio Pinheiro, lançado em 2009.
Parte dos frutos de tanta experiência, o leitor pode conferir em Olhares. São pouco mais de 50 textos reunidos em sete tópicos: Trabalho e Profissão; Entrevistas; Identidade de gênero; Perfis; Preconceito; Religião; e Outras Histórias.
“Fui convidada a fazer o livro”, revelou Claudia a
Não por acaso, os textos selecionados são, de todas as dezenas produzidas por Claudia, “só o que interessava para o mundo trans”. “Meu intuito”, segundo Claudia, “é mostrar que as diferenças das trans não são tão grandes em relação às dos gays, dos gordos, de outros grupos”.
Além do terceiro sexo
Da parte deste que vos escreve, o objetivo é realizado a contento.
Os textos lançam luz sobre uma realidade pouco comentada, e o leitor se vê diante de temas que participam do cotidiano das trans e que, muitas vezes, passam ao largo de nossas reflexões: a crueza do preconceito; as dificuldades causadas pela feminilidade ainda na infância; as relações, harmônicas ou não, com a família e os namorados; a construção da identidade; e o desafio profissional.
Embora gostasse de escrever sobre religião e sobre pessoas trans bem-sucedidas, a questão profissional era particularmente cara para Claudia: “Quero desmistificar esse estereótipo que as trans têm, ou artistas ou putas”.
Não por acaso, aparecem trans ativistas, jogadoras de futebol, profissionais de informática, professoras, etc. no livro – além de nomes que já participam do imaginário popular, como Roberta Close e Thelma Lipp, e, claro, muitas histórias de sucesso.
Tudo isso para concluir o óbvio: apesar de suas particularidades, as trans não são, afinal, tão diferentes de mim, de você ou de seus fãs – os T-Lovers, que, por sinal, têm um capítulo dedicado a eles e a quem Claudia manda um recado: “Mais amor e menos sexo para com as trans”. Conselho de quem tinha anos de estrada.
Imagens: Divulgação
Publicado em 28/06/2011.
Hoje em dia, muito se comenta sobre os T-Lovers, termo que designa os homens que gostam de travestis e transexuais.
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